Desde o início, fomos chamados a viver o propósito de Deus, cultivando um relacionamento profundo e significativo com Ele e com outros seres humanos. Muitos de nós crescemos acreditando que a vida cristã se tratava principalmente de ser salvo do inferno e ir para o céu.
No entanto, ao estudarmos as Escrituras, percebemos que a verdadeira essência da vida cristã está no relacionamento com Deus e com Sua família. Deus deseja estar conosco para sempre, de maneira pessoal e diária, e esse relacionamento é o centro da vida que Ele planejou para nós. Como está escrito em Gênesis 1:27-28, ao nos criar à Sua imagem, Deus nos abençoou com a missão de habitar na terra, frutificar e viver em harmonia com o restante da Sua criação.
Contudo, com a queda, essa harmonia foi quebrada. Nosso relacionamento com Deus e com a criação foi afetado, e nossa própria natureza corrompida. Passamos a viver de maneira distorcida, como seres mortais, inclinados ao pecado e à autossuficiência.
O pecado não só separou o homem de Deus, mas também desestruturou nossa forma de viver, fazendo-nos buscar satisfação em coisas que não preenchem o vazio gerado pela separação de Deus. Fomos quebrados e passamos a viver de forma contrária ao propósito original, com corações inclinados ao mal e em constante busca por algo que preenchesse essa lacuna.
Este artigo nasceu de uma reflexão pessoal, na qual compartilho quatro lições fundamentais que me ajudaram a redescobrir o verdadeiro chamado de Deus e a viver o propósito de Deus em minha própria vida.
1. Criação: Relacionamentos Como Centro do Propósito de Deus
Se fosse possível resumir o plano de Deus revelado nas Escrituras em uma palavra, seria relacionamentos. Desde o princípio, o propósito original de Deus ao criar a humanidade à Sua imagem e semelhança estava centrado no relacionamento em amor — entre Deus e os seres humanos, e entre os próprios seres humanos. Deus desejava uma família que compartilhasse do Seu amor e refletisse Sua glória por toda a Terra.
Em Gênesis 1:26, lemos: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança.” Aqui, o plural sugere a natureza relacional de Deus, refletida na Trindade — Pai, Filho e Espírito Santo. A criação do homem à imagem de Deus implica a capacidade de se relacionar. Assim como a Trindade vive em perfeito amor e unidade, Deus criou o homem e a mulher para viverem em amor com Ele e uns com os outros. Voltar ao propósito de Deus é retornar a essa harmonia original, onde o relacionamento com o Criador e com os outros era o centro da existência humana.
O propósito de Deus para a humanidade era que ela governasse a criação em parceria com Ele, refletindo Sua imagem e caráter. Adão e Eva foram chamados a encher a Terra e governá-la, espalhando a glória de Deus por meio de seus relacionamentos e ações. O plano de Deus sempre foi que a vida em comunidade, baseada em amor e confiança mútua, fosse o reflexo visível de Seu reino. Ao viver o propósito de Deus, a humanidade deveria espalhar Seu amor por toda a criação.
Além disso, o relacionamento com Deus era a fonte primária de toda alegria, realização e sabedoria. Em Gênesis 2:15-17, Deus coloca o homem no Jardim do Éden para cultivá-lo e guardá-lo, instruindo-o sobre os limites do bem e do mal. Ao obedecer a Deus e confiar n’Ele, o homem vivia uma vida de plena dependência, onde cada necessidade era suprida pelo Pai celestial. Esse ambiente era o local onde o homem experimentava o verdadeiro propósito, vivendo em comunhão com o Criador e com a criação.
O propósito original, portanto, não era apenas um governo sobre a criação, mas a comunhão com Deus, com o próximo e com toda a sua criação. A humanidade foi criada para viver com propósito, em harmonia com o Criador e com a criação, onde o amor e o serviço ao próximo seriam a marca dessa perfeita comunhão. O plano de Deus, desde o princípio, era que todos nós vivêssemos o propósito de Deus ao viver em um relacionamento profundo com Ele e com os outros.
Esse cenário reflete a verdadeira essência da vida cristã, que tem como base os relacionamentos. Deus, em Sua soberania, nos chamou para voltar ao propósito original e viver em uma comunidade de amor, espelhando o relacionamento que Ele próprio tem dentro da Trindade.
2. Distorção: A Queda do Homem Distorce o Seu Propósito
No início, o homem vivia em perfeita harmonia com Deus e com os outros e Adão e Eva tinham uma dependência total do Criador. Ele era a fonte primária de todo o conhecimento, prazer e felicidade. Eles viviam no Jardim do Éden, onde o propósito original — relacionamentos em amor — era plenamente realizado. Adão e Eva expressavam a imagem divina em todos os seus relacionamentos.
No entanto, com a queda, vemos uma distorção radical desse propósito. A passagem de Gênesis 3 descreve o momento em que o homem e a mulher escolheram comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, uma árvore que Deus havia proibido. Esse ato de desobediência não era apenas uma violação de uma regra divina, mas uma decisão de buscar conhecimento e autossuficiência fora de Deus. Eles desejavam ser como Deus, conhecendo o bem e o mal sem depender d’Ele.
Antes da queda, Adão dependia de Deus para tudo — sua identidade, propósito e relacionamentos eram moldados por essa dependência. Voltar ao propósito de Deus significa restaurar essa dependência, onde Deus é a fonte de nosso ser, nossa identidade e nossos relacionamentos. Após a queda, o homem passou a buscar em si mesmo aquilo que antes encontrava em Deus. Ele começou a procurar satisfação, realização e significado em suas próprias conquistas e realizações pessoais, ao invés de no relacionamento com o Pai celestial. O pecado corrompeu a natureza humana e distorceu a imagem de Deus no homem. Gênesis 3:7 nos mostra que, após comerem do fruto, “abriram-se os olhos de ambos, e perceberam que estavam nus”. A vergonha e a separação foram as primeiras consequências visíveis desse rompimento.
Com o pecado, a harmonia dos relacionamentos foi quebrada. O homem se tornou órfão espiritual, desligado da fonte de vida que era Deus. Ele não apenas perdeu a intimidade com o Criador, mas também o propósito original de refletir o amor de Deus através de suas relações com os outros. Agora, em vez de expressar a imagem e semelhança de Deus em amor e serviço, o homem passou a viver em competição, egoísmo e autossuficiência. Esse estado de orfandade espiritual é a realidade do homem após a queda. Sem desfrutar do amor do Pai, o ser humano tenta preencher o vazio por meio de suas próprias conquistas, posses e ambições.
Em vez de viver o propósito de Deus, que é um relacionamento de amor com o Criador e com os outros, o homem se volta para si mesmo, para os seus próprios desejos e realizações, distanciando-se ainda mais do propósito para o qual foi criado. Em Romanos 5:12, o apóstolo Paulo nos lembra: “Portanto, da mesma forma como o pecado entrou no mundo por um só homem, e pelo pecado a morte, assim também a morte veio a todos os homens, porque todos pecaram”. A consequência da queda foi uma humanidade afastada de Deus, vivendo em orfandade espiritual, incapaz de restaurar, por si mesma, o relacionamento com o Pai.
A queda nos mostra a trágica distorção do propósito de Deus para a humanidade. O relacionamento com Deus foi rompido, e o homem passou a viver uma vida de alienação, buscando em si mesmo aquilo que só Deus pode oferecer. Como órfãos, não podemos viver o propósito de Deus plenamente até que esse relacionamento com o Pai seja restaurado.
3. Restauração: Volta do Relacionamento com Deus e com os Homens
Desde o início, após a queda, Deus prometeu a restauração do relacionamento entre Ele e a humanidade. Em Gênesis 3:15, Ele revelou Seu plano redentor, declarando que o descendente da mulher esmagaria a cabeça da serpente. Esse descendente é Jesus Cristo, o segundo Adão, o Homem perfeito, que faria toda a vontade de Deus e restauraria a relação do homem com Deus e com os outros.
A Bíblia inteira é sobre relacionamentos. Desde Gênesis até Apocalipse, vemos histórias de pessoas se relacionando com Deus e com os outros, e a Bíblia preserva tanto os bons quanto os maus exemplos desses relacionamentos para que possamos aprender com eles. O propósito de Deus sempre foi que a humanidade vivesse em comunhão com Ele e entre si, e a queda distorceu essa harmonia. Mas, através de Cristo, a restauração está ao nosso alcance.
Na cruz, Jesus garantiu essa restauração. Ele removeu a barreira do pecado que separava o homem de Deus, reconciliando-nos e trazendo de volta a possibilidade de voltar ao propósito original: relacionamentos de amor e dependência com Deus e uns com os outros. Romanos 5:18-19 nos ensina que, assim como o pecado de Adão trouxe condenação a todos, a obediência de Jesus trouxe justificação para todos os que crêem.
Após Sua ressurreição, Jesus enviou o Espírito Santo para habitar em nós, capacitando-nos a viver uma vida plena de acordo com o propósito de Deus. O Espírito Santo nos permite restaurar nossos relacionamentos e viver de forma que agrada a Deus. Efésios 5:18-21 nos mostra que uma vida cheia do Espírito é marcada por gratidão, submissão mútua e amor, o que nos capacita a viver o propósito de Deus em nossas vidas.
No Novo Testamento, os mandamentos recíprocos (como “amai-vos uns aos outros”, “suportai-vos uns aos outros”, “perdoai-vos uns aos outros”) são instruções claras de como devemos nos relacionar. Deus nos ensina a viver em comunidade e a refletir Seu caráter em nossas relações. As diversas recomendações de Paulo e de outros apóstolos mostram que a vida cristã deve ser vivida em comunhão com Deus e em amor prático com os outros.
O Espírito Santo nos transforma internamente, permitindo que expressemos o amor de Cristo de forma genuína em nossos relacionamentos. Ele nos conduz de volta ao propósito original de Deus para a humanidade: relacionar-se com Deus em amor e refletir a Sua imagem em nossas interações com os outros.
A restauração completa acontecerá quando Jesus retornar para buscar a Sua Igreja. Nesse dia, viveremos para sempre em plena comunhão com Deus e uns com os outros, sem a presença do pecado ou da separação. Esse será o cumprimento definitivo do propósito de Deus, e viveremos eternamente em relacionamento perfeito com Ele.
4. Missão: Reconciliados para Reconciliar
Desde o início, o plano de Deus sempre foi estabelecer um relacionamento profundo e significativo entre Ele e a humanidade. Esse relacionamento é a base de tudo o que Ele deseja para nós, refletido na maneira como vivemos, amamos e servimos. Em Gênesis 1:27-28, Deus nos criou à Sua imagem e nos abençoou, com o propósito de viver em harmonia com Ele e com a Sua criação. No entanto, com a queda, essa harmonia foi quebrada, e fomos afastados de Deus, distorcendo nossa natureza e nossos relacionamentos.
Com a reconciliação trazida por Jesus Cristo, o plano original de Deus foi restaurado, e agora podemos voltar ao propósito que Ele sempre teve para nós. Como está escrito em 2 Coríntios 5:18-19, “Tudo vem de Deus, que nos reconciliou consigo mesmo por meio de Cristo e nos deu o ministério da reconciliação.” Somos chamados a viver o propósito de Deus, refletindo Sua imagem e sendo Seus agentes de reconciliação no mundo. Isso significa que, assim como fomos reconciliados com Deus, nossa missão é ajudar outros a restaurar seu relacionamento com o Criador, vivendo de acordo com o propósito que Deus sempre teve para nós.
Essa missão de reconciliação está no coração do nosso chamado. Ao anunciarmos a mensagem de reconciliação através de Jesus, também estamos cumprindo o propósito original de Deus: ser como Cristo e levar Sua glória ao mundo. Em Mateus 28:19-20, Jesus nos comissiona a fazer discípulos de todas as nações, ensinando-os a viver em comunhão com Deus e entre si. O objetivo é restaurar não apenas os relacionamentos verticais com Deus, mas também os horizontais entre as pessoas, estabelecendo uma comunidade que reflete a imagem e o caráter de Deus. É através dessa reconciliação que somos verdadeiramente capacitados a viver em harmonia com Deus e com os outros, revelando o propósito de Deus para a humanidade.
Conclusão: Voltando ao Propósito de Deus
Em nossa jornada de fé, é essencial lembrar que o propósito de Deus para a humanidade nunca mudou. Desde o início, no Éden, até o fim dos tempos, quando Ele habitará conosco para sempre, o plano divino sempre foi de intimidade, comunhão e serviço. O pecado e a queda afastaram-nos temporariamente desse relacionamento, mas, através de Cristo, estamos sendo restaurados para viver o propósito de Deus — andar com Ele e revelar Sua glória no mundo.
“Voltando ao propósito” significa reencontrar o caminho que Deus estabeleceu para nós desde a criação: sermos Seus embaixadores na Terra, refletindo Seu amor e Sua verdade. O propósito de Deus não é apenas algo que encontramos para nossa vida pessoal, mas um chamado coletivo para sermos portadores de Sua luz, restauradores de Sua criação e fiéis ao Seu reino. Como cristãos, precisamos viver de maneira que nossas ações e escolhas reflitam esse propósito eterno.
Ao olharmos para o futuro, podemos ter a esperança e a certeza de que, um dia, em um novo céu e uma nova terra, Deus habitará conosco para sempre, e Sua presença será nossa alegria eterna.
Que possamos viver com essa perspectiva, buscando cada dia mais alinhar nossos corações e ações com o que Ele deseja para nós, sabendo que, ao fazer isso, estamos cumprindo o nosso verdadeiro propósito de vida.
2 Comentários
ola boa noite eu gostaria muito de falar com alguem desse ministerio.ok
Olá, Manoel, por favor nos chame pelo WhatsApp (11) 99261-6380